Autor: Davi de Moura Bastos
Pesquisador Associado do CTSMART

O avanço tecnológico, apesar de ser um processo contínuo e esperado, pode causar mudanças significativas nas dinâmicas de ensino dentro das escolas. Com a expansão do acesso a smartphones e a internet, bem como o uso intenso das redes sociais, cada vez se torna mais difícil manter a atenção e interesse do aluno com métodos tradicionais de ensino. Pensando nisso, e na necessidade de desenvolver novas formas de ensino que desenvolvam o protagonismo do aluno, a robótica educacional, que já é uma realidade em muitos países, vem ganhando força no Brasil.

O ensino da robótica educacional nas escolas de nível fundamental e médio pode ser uma ferramenta poderosíssima para a mudança na realidade da educação brasileira, que infelizmente se encontra em um estado preocupante. Por possuir um caráter multidisciplinar, a robótica é inclusiva e eclética, permitindo a abordagem das mais diversas áreas do ensino.

Fundamentalmente cooperativa, a robótica desenvolve o trabalho em equipe dos alunos que precisam mutualmente se ajudarem para resolverem os desafios propostos durantes as aulas. Assim, o caráter multidisciplinar e inclusivo permite que cada aluno tenha o seu espaço de atuação, de acordo com gostos pessoais e personalidade. Para os estudantes com mais afinidade nas áreas de exatas, serão encontrados muitos desafios matemáticos, principalmente na etapa de programação dos projetos, e físicos durante a montagem das partes mecânicas e eletrônicas de carrinhos, por exemplo. Já alunos que tenham preferências por linguagens, podem atuar no preparo de manuais de montagem e na elaboração de relatórios para registro das atividades realizadas. Aqueles com a criatividade mais aguçada podem contribuir com o design dos projetos e os alunos mais comunicativos podem fazer a apresentação para os demais alunos e professores.

Figura 1 – Utilização da plataforma Lego em aulas de robótica

Como já pode ser percebido, o ensino da robótica é uma ferramenta capaz de tornar a aprendizagem mais dinâmica e atrativa permitindo um maior engajamento por parte do aluno e com isso uma melhora significativa na qualidade do ensino brasileiro. Outro ponto de destaque é a flexibilidade orçamentária do projeto de robótica.

O orçamento para um projeto de robótica é facilmente adaptável aos diversos cenários financeiros encontrados nas escolas públicas e particulares brasileiras. Podendo ser escolhidas soluções mundialmente difundidas e amigáveis como o Lego, mas que demandam um investimento maior, ou soluções de baixíssimo custo como o Arduino e a utilização de sucatas de eletrônica e materiais recicláveis.

Figura 2 – Carrinho feito com escova

A utilização de materiais recicláveis, além de ser uma opção financeiramente viável, também permite trabalhar com temas como a sustentabilidade e despertar a criatividade dos alunos, pois encontrarão soluções para os desafios utilizando materiais que antes eram considerados lixo.

Atualmente o grande desafio que o ensino da robótica enfrenta é a resistência de muitos professores que estão presos em metodologias tradicionais ou que enxergam a robótica como algo muito complicado ou de difícil acesso. Esse desafio, apesar de ser grande, pode ser superado por meio de iniciativas, como as que estão sendo iniciadas no CTSMART, que buscam difundir os conceitos e práticas da robótica por meio de aulas experimentais e formação continuadas dos professores.

Desse modo, buscamos possibilitar um primeiro contato dos professores com esses novos conceitos e apresentar novas abordagem que possam ser implementadas durante as aulas tornando a aprendizagem um processo mais atraente e divertido fazendo com que o aluno seja mais ativo no processo de aprendizagem e deixe de ser apenas um expectador dentro da sala de aula.